O Polonês, livro de M. J. Coetzee, e The Good Place, série da Netflix
Rafhael Frattari e Anna Júlia Silva Costa
O Polonês, livro de M. J. Coetzee
O pequeno romance do Nobel M.L. Coetzee é uma obra de arte sobre a incompreensão humana. Em seis capítulos o autor narra a vida de um pianista polonês especialista na obra de Chopin, que conhece uma espanhola que lhe ciceroneia em sua breve estada em Barcelona.
Depois de retornar para a Polônia, Witold Walczykiewicz faz contato com Beatriz, dizendo-se apaixonado e os dois encontram-se numa charmosa Vila espanhola, onde começa uma estranha relação.
A partir daí o texto discute muitas questões diferentes, sejam os relacionamentos pessoais dos dois protagonistas, sejam questões culturais da nossa época. Um belo livro, bem enxuto, com uma escrita fabulosa. Ao lado de Desonra, uma das melhores obras do autor. Vale a pena ser lido.
Rafhael Frattari
Sócio-fundador responsável pela Área Tributária do VLF Advogados
The Good Place, série da Netflix
O que aconteceria se você fosse enviado ao céu por engano?
Essa é a premissa de The Good Place, uma série de comédia filosófica que prova que a linha entre o paraíso e a punição pode ser muito mais sutil – e existencial – do que imaginamos.
Criada por Michael Schur (Parks and Recreation), a série segue a jornada de Eleanor Shellstrop no pós-vida, um Lugar Bom onde ela, que foi uma pessoa de poucos princípios, sabe que não deveria estar. Essa simples inversão de expectativas é o ponto de partida para quatro temporadas que usam o absurdo e o humor inteligente para desconstruir a nossa noção de moralidade.
Os personagens são, em essência, criaturas excêntricas, falhas e humanamente reais, obrigadas a navegar em um sistema burocrático, que é tão rigoroso quanto é ilógico. Assim, lenta e divertidamente, a série nos convida a questionar: afinal, o que é ser uma boa pessoa na contemporaneidade, onde até mesmo comprar um tomate orgânico tem consequências éticas imprevisíveis?
O brilho da obra está tanto na forma como o roteiro transforma temas densos, como os dilemas de Kant, em alívio cômico, quanto na ambição de usar cenários bizarros e espalhafatosos para falar sobre as coisas que consideramos mais mundanas: a amizade, o amor, e o legados que deixamos para o mundo e para os outros.
Anna Júlia Silva Costa
Advogada da Equipe de Contencioso Cível do VLF Advogados